O placar magro de 1 a 0 nesta partida de ida da semifinal da Copa do Brasil não retrata o que foi o jogo no Maracanã e faz o confronto ficar aberto para a decisão em São Paulo, no dia 20. Mas evidencia um excelente cartão de visita de Filipe Luís com um Flamengo intenso, com muita pressão e volume de jogo. A estreia deu bons sinais e trouxe esperança no horizonte. Seja pela postura do time ou a presença de Filipe Luís à beira do gramado, a verdade é que foi um Flamengo que o torcedor não via há muito tempo.
O primeiro tempo foi um verdadeiro amasso rubro-negro. Foi possível ver um Flamengo muito vertical, com os jogadores atuando bem mais próximo e uma movimentação bastante intensa. Time controlando o jogo, valorizando a posse com toques rápidos na bola e se mantendo no campo de ataque. Resultado disso? Muitas chances. Foram sete até o gol de Alex Sandro.
“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Mas quase não furou porque o goleiro Hugo Souza fez valer os R$ 500 mil pagos para entrar em campo e salvou o Corinthians de tomar uma goleada ainda no primeiro tempo. O gol saiu aos 31, em uma jogada pelo lado esquerdo entre Bruno Henrique e Alex Sandro. O lateral foi inteligentíssimo na leitura de jogo, ameaçou o cruzamento, mas finalizou direto para o fundo da rede.
Antes disso, o goleiro Hugo já havia feito três grandes defesas: chute de primeira de Arrascaeta ainda nos primeiros minutos, outra finalização do uruguaio perto da metade do primeiro tempo e, pouco antes de sofrer o gol, salvou no reflexo um chute de letra de Gabigol.
Esse foi o primeiro tempo do Flamengo: pressionou ofensivamente dominando o campo ofensivo e pressionou defensivamente com a marcação já na saída de bola. O Rubro-Negro ditou o ritmo do jogo, foi para o intervalo com a vantagem parcial e voltou a campo para o segundo tempo com uma regularidade maior do que a vista nos últimos jogos.
A segunda etapa foi um jogo mais intenso para as duas equipes, mas com o Flamengo sendo levemente superior. O Rubro-Negro manteve a postura do primeiro tempo, mas naturalmente abaixou o ritmo aos poucos. A rotação mais baixa rubro-negra foi o suficiente para o Corinthians chegar ao ataque com muito mais facilidade do que no primeiro tempo – principalmente com contra-ataques criados por erros de passe e uma pequena dificuldade na transição defensiva.
O Flamengo terminou o jogo com 55% de posse de bola. Foram 19 finalizações sendo nove no alvo. Além disso, seis finalizações defendidas e duas na trave. Foram 508 passes trocados, apenas 68 incompletos. Ao todo, 27 desarmes.
Energia, sinergia e esperança
A atmosfera do Maracanã era outra. O alto preço do ingresso e fase conturbada que vivia o time fizeram o estádio não lotar nesta decisão. Mas isso não atrapalhou a energia de quem estava presente. O pedido de “raça” antes da bola rolar foi o mais próximo de cobrança que aconteceu na noite da última quarta-feira.
A torcida atendeu ao pedido feito por Filipe Luís na apresentação no Ninho do Urubu. Na primeira vez falando como técnico pediu para que exista comunhão entre o time e a torcida e projetou a recuperação deste sentimento. E esta foi justamente a impressão de sua estreia como treinador profissional.
– Não falo da boca para fora: quando a torcida quer ganhar o jogo, ela ganha sozinha. Então, o apoio que teve hoje refletiu nos jogadores. Fico muito feliz de ter conseguido trazer essa energia. A comunhão com a torcida tem que crescer cada vez mais – comentou em coletiva pós-jogo.
A comunhão com a torcida pode ser combustível que o time precisa para deixar de lado mais uma eliminação precoce na Libertadores e tentar encerrar o ano de forma diferente de 2023. Ainda há um caminho para acertar questões defensivas e encontrar regularidade ofensiva. Mas o cartão de visita de Filipe Luís deu a esperança necessária para os rubro-negros acreditarem em novos ares.