O segundo mandato do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), completa 100 dias nesta segunda-feira (10).
Logo no início do mandato, Ibaneis precisou enfrentar os ataques golpistas que vandalizaram as sedes dos três poderes em Brasília, em 8 de janeiro deste ano. No dia seguinte, ele foi afastado do cargo pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Apesar desta segunda-feira marcar o 100º dia do governador no cargo, Ibaneis ficou 66 dias sem exercer a função, até Moraes determinar o retorno do emedebista ao governo.
Veja abaixo os principais momentos dos primeiros 100 dias de mandato de Ibaneis Rocha no Buriti (clique para ir à seção):
- Ataques golpistas e afastamento do cargo
- Investigação
- Celina Leão e os desafios do governo
- Prisão de Anderson Torres
- Retorno de Ibaneis ao cargo
- Reajuste de servidores
Ataques golpistas e afastamento do cargo
Invasão do Congresso, Planalto e STF em Brasília foi comparada ao ataque ao Capitólio nos EUA em 2021. — Foto: Reuters via BBC
No dia 8 de janeiro, uma semana após a posse, bolsonaristas radicais invadiram e depredaram o Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal.
No dia seguinte aos ataques, o ministro Alexandre de Moraes decidiu afastar Ibaneis Rocha do cargo por 90 dias. À época, Moraes afirmou que os atos terroristas só podiam ter tido a anuência do governo do DF, uma vez que os preparativos eram conhecidos.
O ministro tomou a decisão no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos, do qual é relator, ao analisar um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e da Advocacia-Geral da União.
No dia 11, oito ministros do Supremo votaram para manter a decisão de Moraes. Apenas dois foram contra. À época, Ibaneis Rocha divulgou nota em que disse receber a decisão “com serenidade e respeito”.
Investigação
No dia 17 de janeiro, o Ministério Público Federal (MPF) abriu um inquérito para apurar ações e omissões de agentes públicos durante os ataques golpistas do dia 8 de janeiro. Entre os investigados, está o governador Ibaneis Rocha.
A Polícia Federal chegou a cumprir mandados de busca e apreensão no Palácio do Buriti, sede do governo em Brasília, no escritório de advocacia e na casa do governador. O ex-secretário executivo da Segurança Pública do DF Fernando de Souza Oliveira também foi alvo da ação.
À época, a defesa de Ibaneis Rocha informou que as buscas serão “a prova definitiva da inocência” do governador afastado, e disse ainda que a decisão de busca era “inesperada”, e que Ibaneis sempre agiu de “maneira colaborativa” diante da investigação.
O governador também entregou o telefone celular à Polícia Federal. A defesa de Ibaneis afirmou que o aparelho foi entregue à corporação pelos próprios advogados como “demonstração de boa fé”.
Celina Leão e os desafios do governo
Durante o afastamento de Ibaneis Rocha, a vice-governadora Celina Leão (PP) assumiu o Palácio do Buriti. Durante os 66 dias que o mandatário ficou fora do cargo, a então governadora em exercício precisou enfrentar alguns desafios:
- Caos no Hospital de Base
Cozinha do Hospital de Base, em Brasília, em março de 2023 — Foto: Coren-DF/Reprodução
Em fevereiro, funcionários do Hospital de Base denunciaram o estado de sucateamento em que se encontra a unidade de saúde, que é referência no Centro-Oeste. Panelas enferrujadas, piso destruído e paredes sujas fazem parte da cozinha do maior hospital do Distrito Federal.
Também houve reclamações sobre alagamentos em banheiros e as más condições do espaço onde os médicos descansam no hospital.
Poucos dias após as denúncias, a governadora em exercício Celina Leão (PP) determinou a reforma imediata da cozinha e dos banheiros do Hospital de Base, além da dedetização da unidade. Ela também informou que as refeições passariam a ser produzidas em outro local.
Quando a situação do hospital veio à tona, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges) disse ter conhecimento dos problemas, mas que parte deles eram responsabilidade da empresa Salutar, que presta serviços.
Já a empresa Salutar afirmou que os problemas de infraestrutura “são fruto da falta de planejamento para realização de manutenções preventivas, aos quais são resolvidos com empresas de manutenção predial e não de alimentação”.
- Metrô
Cabos de energia do Metrô são furtados, no DF — Foto: Carlos Bueno/TV Globo
Também em fevereiro, as estações de metrô do DF amanheceram fechadas por causa do furto de cabos, que causou falha na sinalização do transporte. Passageiros enfrentaram paradas de ônibus lotadas, enquanto buscavam por uma alternativa para se locomover pela cidade.
Cerca de um mês após o incidente, no último dia 24, a Polícia Civil disse ter identificado o suspeito do furto. De acordo com a corporação, ele é um sem-teto de 26 anos. O homem teve a prisão negada pela Justiça e vai responder pelo crime em liberdade.
Prisão de Anderson Torres
No dia 14 de janeiro, poucos dias após o afastamento de Ibaneis Rocha, o ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres foi preso. O também ex-ministro permanece preso no 4º Batalhão da PMDF, no Guará. A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Anderson Torres foi o nome escolhido por Ibaneis Rocha para assumir a Secretaria de Segurança Pública durante o segundo mandato. Ele chefiava a pasta quando ocorreram os ataques às sedes dos três poderes.
A suspeita é que Torres, em conjunto com setores da Polícia Militar do DF e de militares, tenha atuado para facilitar a ação dos terroristas bolsonaristas. À época, o ex-ministro negou as acusações.
Retorno de Ibaneis ao cargo
No dia 15 de março, antes do fim do prazo de 90 dias, o ministro Alexandre de Moraes revogou o afastamento de Ibaneis do cargo. Segundo Moraes, o momento da investigação não exige a manutenção da medida.
Durante o discurso de retorno, Ibaneis apoiou a decisão de nomear o delegado da Polícia Federal Sandro Avelar ao cargo de secretário de Segurança do DF. Avelar foi nomeado pelo interventor federal Ricardo Cappelli, durante o afastamento.
O governador falou ainda sobre Anderson Torres. Ele afirmou confiar no ex-secretário de Segurança Pública e que o convite para Torres assumir a secretaria ocorreu porque o ex-ministro de Jair Bolsonaro não queria retornar à Polícia Federal, corporação em que é delegado.
O governador disse ainda que durante os ataques terroristas houve falha da PMDF e do Batalhão do Exército responsável pelo policiamento do Palácio do Planalto. Para Ibaneis, ocorreu um “apagão geral” na segurança.
Reajuste de servidores
No último dia 23, o governador anunciou reajuste de 18% para servidores públicos do quadro geral da capital. Ibaneis informou que o pagamento do reajuste seria feito em três parcelas, “de forma gradativa”.
Na última quarta-feira (5), a Câmara Legislativa do DF (CLDF) aprovou, em segundo turno, o aumento salarial. O reajuste será dividido em três parcelas anuais de 6% anuais, com início em julho deste ano.
Além do aumento para os servidores, os parlamentares também aprovaram um projeto de lei que garante 25% de reajuste para as pessoas que ocupam cargos comissionados. A medida prevê a alteração de salário imediata, a partir da sanção.
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Fonte G1DF