Empreendimentos luxuosos abandonados — que, antes, abrigavam restaurantes, salas de cinema e piscinas olímpicas — transformaram-se em grandes acumuladores de focos de dengue no Distrito Federal. Os espaços negligenciados no centro da capital do país contam com mata alta, lixo descartado de forma irresponsável e muita água parada.
Um dos mais conhecidos é a Academia de Tênis José Farani, conhecida como Academia de Tênis de Brasília, que fica no Setor de Clubes Esportivos Sul (SCES). Abandonado desde 2010, o local contava com quatro piscinas, 10 salas de cinema, 21 quadras de tênis e um hotel com 200 quartos e chalés que receberam muitas autoridades no passado. Atualmente, o ponto virou um abrigo para mosquitos e pequenos animais.
O antigo Clube dos Servidores tem placas caindo aos pedaços, piscinas com buracos esvaziados e um matagal. Além disso, imagens mostram que o telhado de boa parte das construções não existe mais e, com as intensas chuvas, há diversas poças de água.
O Clube da Imprensa é outro ponto que preocupa por possuir focos que possibilitam a multiplicação de Aedes aegypti. A localidade está à beira do Lago Paranoá e, apesar de ter algum movimento de trabalhadores, abriga piscinas cheias de água parada, mato alto e lodo.
Clube preocupa moradores de Taguatinga
Onilda Aparecida Gonçalves, de 62 anos, mora em Taguatinga Sul há seis décadas e se recorda da importância do Clube Primavera para a comunidade. Agora, ela e outros moradores estão preocupados com o abandono do local: “Lógico que dá medo. O rapaz aqui ficou duas semanas na UTI com dengue. Está se recuperando. Tem aqui outra casa com três [infectados com dengue]. A senhora só não está internada porque não tem vaga nos hospitais. A gente está querendo limpar, mas eles não deixam”.
A mulher comenta que a rua localizada de frente para o antigo clube sempre teve pessoas com dengue, mas neste ano há mais pessoas com a doença. “Dizem que lá no clube, lá dentro, onde tinha as piscinas, tem um buraco cheio de água. O pessoal aqui da rua, se liberasse para gente entrar pra dar uma olhada, poderia até limpar e aliviar a situação, mas falam que não pode entrar”, afirma Onilda.