A mobilidade urbana e as más condições de deslocamento no Distrito Federal têm um impacto significativo, não apenas pela falta de transporte público de qualidade ou pelo grande número de carros circulando nas ruas, mas principalmente devido à infraestrutura precária, falta de manutenção e falta de segurança das vias, calçadas e ciclovias. Os desafios enfrentados pelos pedestres no dia a dia são muitos, incluindo buracos, bueiros abertos, entulho e lixo espalhados pelas vias, além da falta de iluminação e segurança. É comum ver grandes áreas ocupadas por carros em vez de praças e espaços de convivência, dificultando a caminhada.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nas principais regiões metropolitanas do Brasil revela que o Distrito Federal é a unidade da Federação com a menor proporção de pessoas que caminham ou usam bicicleta como meio de transporte. Apenas 11% da população opta pela mobilidade ativa para se deslocar. Entre os mais pobres, esse percentual chega a cerca de 14%, enquanto entre os mais ricos, é de apenas 4%.
Independentemente da renda, o baixo uso de transporte alternativo no DF é uma questão estrutural. As pessoas estão acostumadas com o padrão urbanístico da cidade, o que influencia seu comportamento e desestimula a prática da mobilidade ativa”, destaca Rafael Pereira, pesquisador do Ipea. Segundo ele, uma das razões para o uso predominante de carros e a baixa adesão a caminhadas ou bicicletas é a falta de manutenção nas ruas, o que gera insegurança para os pedestres.
Hérika Rodrigues, moradora do Cruzeiro Novo, relata as dificuldades de caminhar pelas ruas do DF. Ela e o marido enfrentam calçadas inacabadas, bueiros abertos, desníveis nas pistas e entulhos espalhados pelo caminho. Apesar dos obstáculos, ela opta por caminhar, destacando a economia e os benefícios para a saúde.
Helena Rodrigues, moradora de Taguatinga, também enfrenta problemas nas ruas esburacadas e disputa por espaço com carros. Ela relata ter medo de acidentes e lesões devido à falta de manutenção adequada nas vias.
A falta de infraestrutura nas ruas também afeta a vida de Luísa de Jesus Santana, que possui problemas de mobilidade devido a artrose e falta de cartilagem. Ela relata dores e o medo constante de quedas devido aos buracos e desnivelamentos nas ruas.
Pedro Henrique Barretos, estudante, enfrenta dificuldades diárias ao chegar à parada de ônibus e voltar para casa devido aos problemas nas vias.
A precariedade da infraestrutura e a falta de segurança nas ruas do Distrito Federal representam um desafio para a mobilidade urbana, prejudicando a qualidade de vida dos pedestres e reforçando a dependência dos veículos motorizados. É necessário investir em melhorias nas vias, calçadas e ciclovias, promovendo um ambiente mais seguro e acessível para todos.