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Fundação Brasileira de Teatro prepara nota de retratação para morador de Samambaia e produtor cultural Josuel Junior

A Fundação Brasileira de Teatro, situada no CONIC em Brasília, prepara nota de retratação após o lamentável episódio de desrespeito e perseguição sofrido pelo morador de Samambaia, ator e produtor cultural Josuel Junior, que por um ano e meio se dedicou a identificar, recuperar e inventariar o rico acervo histórico de Dulcina de Moraes e da própria fundação.

Josuel Junior é morador da nossa cidade e conhecido ator e produtor cultural de Brasília, tendo passagem por importantes espaços e eventos da capital. Foi produtor de edições do Festival Cena Contemporânea, do Imaginário Cultural, Complexo Cultural Samambaia, da agenda cultural da TV Globo, Brasília Cênica, Brasília Junina e da própria FBT antes da atual gestão assumir a pasta.

O trabalho ganhou repercussão midiática entre 2022 e 2023, levando o nome da grande dama do teatro brasileiro de volta aos tablóides e à opinião pública. Comunidade artística, nomes da política e sociedade viram Dulcina de Moraes voltar a ser notícia, enaltecendo a importância do maior nome do teatro do Século XX.

Após seis meses de conflito, denúncias e apurações, foi constatado que houve erro e excesso por parte da Fundação Brasileira de Teatro, responsável pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes e do famoso Teatro Dulcina, em Brasília.

“Um perigoso jogo de poder, inveja e perseguição política ocorreu e a instituição demorou a acreditar nos fatos que eu denunciei. Fui chamado de lixeiro, faxineiro e zelador em ambiente de trabalho e o trabalho de resgate do mais importante acervo do teatro nacional foi comparado por busca pelas calcinhas perdidas de Dulcina – o que, por si só, já é estarrecedor. A FBT só levou a sério as denúncias que fiz quando gravei um vídeo contando, passo-a-passo para a classe artística o que houve. O caso foi tão grave que chegou à Comissão de Ética e Direitos Humanos da CLDF, polícia e ao próprio MPDFT, que ainda me chamará para mais esclarecimentos. Não acredito que a nota de retratação será publicada, mas eles dizem que está marcada para a próxima semana. Não será mais um pedido de desculpas a mim, mas à sociedade brasiliense, que acompanhou estarrecida os episódios de perseguição.“, comenta o produtor.

Quando fala de perseguição, Josuel se refere aos constrangimentos que sofreu quando, após denunciar o episódio de suposto assédio, a FBT, em vez de apurar o relato, emitiu em seus dois perfis oficiais do Instagram uma nota de repúdio ao produtor, expondo seu nome completo e CNPJ e com severas acusações após o artista anunciar sua saída publicamente. Dentre as acusações confrontadas, as mais graves são as de que  o profissional se recusou a deixar o cargo de Diretor Cultural após revisão do estatuto e a de que deu entrevistas sem consentimento do presidente da instituição.

São essas acusações que foram apuradas posteriormente, tanto pela advogada que representa Josuel quanto pela equipe gestora da FBT após pressão popular dos artistas do DF, que enxergaram na ação um possível boicote ao trabalho realizado. Com base em provas, cópias de conversas e documentos, ficou claro que houve excesso da instituição na abordagem e que os pontos de acusação não correspondiam com a realidade.  Todo o material foi encaminhado por Josuel ao MPDFT, que possui um setor específico para lidar com Fundações do DF.

“De profissional que estava sendo determinante para levantar o moral da instituição, passei a ser tratado como inimigo do teatro após a fase em que o leilão foi impedido, em setembro de 2023. Antes do leilão, quase um profissional-prodígio. Depois do leilão barrado, fui descartado e rechaçado publicamente pela própria instituição depois que deflagrei as ofensas internas que sofri. Minha sorte é que não recuei e gritei pra todo mundo saber o que eu estava passando. Busquei apoio da classe artística e obtive esse apoio.”

Ainda de acordo com Josuel, o Conselho Curador da FBT chegou a procurar a Secretaria de Cultura do DF para impedir a premiação que o GDF concedeu a Josuel e à equipe de voluntárias que trabalhavam no acervo de Dulcina pela contribuição pela defesa do patrimônio histórico e cultural de Brasília. A Secretaria de Cultura não acatou a denúncia e o Prêmio José Aparecido de Oliveira foi entregue em cerimônia oficial em dezembro de 2023. 

“Honestamente, a ferida que a Fundação Brasileira de Teatro causou em minha trajetória artística ainda está aberta. Conseguiram abalar toda uma história de sucesso e respeito que tenho com a instituição, sem contar com o que é mais grave: minha reputação em Brasília. Fui produtor do Teatro Dulcina e da Faculdade por muito tempo e quando me chamaram para compor a nova gestão jamais podia esperar que a maldade humana e o alpinismo social fizessem o trabalho com o acervo de Dulcina parar totalmente. Uma pena. Ele parou! No dia da premiação, fomos orientados por membros da própria Secretaria que o prêmio era nosso, que não havia o que temer e que nenhuma tentativa de cancelamento da premiação estava prevista dentro da lei. Fizemos um relatório robusto do inventário e esse relatório será determinante para a continuidade de tombamento do prédio como Bem Cultural de Brasília. Saí do Teatro Dulcina, mas o meu trabalho com os voluntários foi crucial para ajudar a salvar o prédio… e essa história ninguém pode apagar.”, finaliza o artista.

Formado pela própria Faculdade Dulcina, Josuel realizou mais de 10 espetáculos no local, além de levar a primeira apresentação internacional à Mostra Dulcina em 2016 – a obra argentina “Te Amo con Locura”, sucesso de público e crítica na época.

O produtor informa já houve pedido de desculpas e reconhecimento do erro por parte do presidente da Direção Executiva da Instituição por meio de Whatsapp e por reuniões que foram devidamente registradas, mas houve dificuldade de alinhar o mesmo pedido de desculpas com o Conselho Curador, de onde um membro foi designado para ajustar os trâmites da publicação da Carta de Retratação, que, a princípio, será exposta na íntegra nos dois perfis da FBT nas redes sociais por 21 dias – o mesmo período em que foi exposto pela Nota de Repúdio elaborada pela instituição. 

Fonte: Portal Conteúdo Brasília

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