A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu o ginecologista Celso Satoru Kurike, acusado de violação sexual mediante fraude. O médico foi localizado em Formosa (GO), cidade vizinha ao Distrito Federal, durante uma operação que contou com o apoio de um helicóptero e equipes terrestres. O R7 está em busca de informações junto à defesa do profissional e ao Conselho Regional de Medicina do DF. Pelo menos 12 mulheres, com idades entre 18 e 26 anos, denunciaram o ginecologista em diferentes delegacias do DF. Os supostos abusos teriam ocorrido entre os anos de 2012 e 2021. Os relatos das vítimas são semelhantes: durante os procedimentos médicos, o ginecologista fazia perguntas de natureza sexual e tocava o corpo das pacientes de maneira sexualmente conotativa. Uma das mulheres afirmou à polícia que, após os supostos abusos, o médico pediu um abraço.
Segundo a vítima, ao se despedir, o médico perguntou: “Me dá um abraço?”. Ela respondeu que preferia ir embora, mas o médico só permitiu sua saída depois que ela o abraçou. Outra paciente relatou que os procedimentos eram realizados apenas com o médico suspeito na sala, sem a presença de assistentes. “Nenhuma assistente entrou na sala onde ocorreu o atendimento”, afirmou a paciente. Ela percebeu que algo estava errado e foi ao banheiro se trocar. Ao sair, o médico estava à sua espera, com o pedido de exames em mãos. Ele entregou seu cartão à paciente e disse: “Foi um prazer”, em um tom que pareceu malicioso para a declarante. Uma das vítimas, identificada como Paula*, revelou que, após fazer a denúncia, recebeu uma ligação da defesa do médico. Durante a conversa, uma das advogadas tentou convencê-la a resolver a situação por meio de um acordo extrajudicial.
“A advogada do médico disse: ‘Você poderia nos dar uma possibilidade, né? Você poderia nos dar, eu aceito tanto, é valor pecuniário mesmo'”, contou Paula*. No áudio apresentado à polícia, a vítima rejeita o acordo e afirma que seguirá com o processo judicial. A advogada então pede para que ela “pense direitinho”.
“A assistente do médico também foi ouvida pela polícia e afirmou que esteve presente no exame de uma das pacientes. Ela disse: ‘Na hora do procedimento ele me manda uma mensagem pelo nosso sistema de comunicação pessoal, aí eu entro para auxiliar o Dr. na coleta'”.
- Nomes fictícios foram utilizados para preservar a identidade das vítimas.