30.5 C
Brasília
domingo, 07/09/2025
- Patrocinado -bar do GG
InícioDestaquesMinistério Público do DF investiga mortes de bebês no Hospital de Samambaia...

Ministério Público do DF investiga mortes de bebês no Hospital de Samambaia por falta de atendimento

Hospital Regional de Samambaia (HRSam) está na mira do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Na sexta-feira (29), o órgão abriu um procedimento criminal (ICP) para apurar a recusa do hospital no atendimento a gestantes, além de, pelo menos, três óbitos de bebês, entre os dias 31 de julho e 3 de agosto de 2025, supostamente relacionados à negativa de assistência.

Segundo relatos, as gestantes estavam classificadas como prioridade amarela ou verde, mas teriam sido orientadas a buscar atendimento em outras unidades de saúde, restringindo a assistência apenas aos casos classificados como vermelhos.

De acordo com a 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-Vida), a unidade de saúde teria descumprido a Portaria SES nº 269/2024, classificada como uma ação gravíssima, já que a norma determina a obrigatoriedade do acolhimento, da classificação de risco e do atendimento de todas as gestantes no primeiro serviço de emergência gineco-obstétrica.

“É gravíssima, porém, a acusação de descumprimento da Portaria SES nº 269/2024, principalmente quando esse descumprimento é associado à morte dos bebês”, destacou a promotora de Justiça Alessandra Morato. A investigação será delimitada ao período e às condutas descritas na portaria.

A apuração do MPDFT inclui a coleta de depoimentos, análise de prontuários e identificação dos responsáveis no plantão de 17 de julho a 3 de agosto.

Núcleo Pró-Vida

O HRSam é acompanhado desde 2019 pelo Pró-Vida – Núcleo de Enfrentamento à Violência e Promoção da Saúde da Pessoa Vulnerável do MPDFT, quando a direção hospitalar elaborou um plano para garantir melhorias na assistência. Desde então, o núcleo monitora os serviços de ginecologia e obstetrícia, conforme explica a promotora de Justiça Alessandra Morato.

O Núcleo foi criado para atuar na prevenção, acompanhamento e responsabilização de casos de violência ou violação de direitos que afetem pessoas em situação de vulnerabilidade, como crianças, adolescentes, mulheres, idosos e pessoas com deficiência.

Entre as diligências determinadas pelo Pró-Vida estão a identificação de gestores, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e vigilantes plantonistas no período de 17 de julho a 3 de agosto de 2025, a realização de oitivas, a obtenção de autorização dos familiares para acesso a prontuários e a perícia indireta desses documentos médicos por especialistas do MPDFT. O prazo inicial para conclusão da investigação é de 90 dias.

Segundo Morato, entre 2022 e 2023 houve uma redução de denúncias contra o hospital. “Nos anos de 2022 e 2023 houve uma redução do número de denúncias contra o hospital em nossa promotoria. Essa redução veio acompanhada de informações sobre o aumento do número de enfermeiros obstetras nos serviços, bem como do engajamento da equipe hospitalar no mapeamento das intercorrências e correções de fluxos de atendimento”, explicou a promotora.

Ainda assim, em 2025, houve um aumento nos pedidos de investigação relacionados ao hospital, mas, segundo Alessandra, “ainda não se tem dados para identificar onde está a falha”.

Em resposta aos questionamentos sobre os casos envolvendo o Hospital Regional de Samambaia e o cumprimento da Portaria SES nº 269/2024, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) afirmou que atua de maneira transparente junto aos órgãos de controle e que, sempre que questionada, responde dentro dos prazos solicitados, mantendo-se à disposição para prestar os esclarecimentos necessários.

Casos de mortes de bebês em 2024

Foto: Ualisson Noronha/Agência Saúde-DF

Em 2024, o Distrito Federal também registrou casos graves de mortes de bebês e crianças em hospitais públicos associados a denúncias de suposta negligência médica. Em abril, a menina Anna Júlia Galvão, de 8 anos, faleceu após uma série de falhas em UBSs e na UPA de Ceilândia, antes de ser encaminhada ao Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Houve demora na transferência e diagnóstico equivocado, fato investigado pela Polícia Civil.

No mesmo período, a UPA do Recanto das Emas foi palco de duas mortes que geraram forte comoção: a de Jasminy Cristina de Paula Santos, de apenas 1 mês, e a de Enzo Gabriel, de 1 ano. Em ambos os casos, familiares relataram demora no atendimento e falhas em exames e na regulação de leitos, com investigações em andamento na 27ª DP.

Já em dezembro de 2024, uma recém-nascida com cardiopatia grave morreu sem ter realizado a cirurgia cardíaca determinada pela Justiça, caso que resultou na condenação do Governo do DF, em julho de 2025, ao pagamento de indenização de R$ 40 mil à família pela falha na prestação do serviço público.

NOTÍCIAS RELACIONADAS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!

Últimas Notícias