A mulher de 32 anos que esfaqueou um motorista alegou que era perseguida pelo homem e que já tinha sofrido inclusive ameaças. Após a facada na mão, o motorista invadiu o pátio da 26ª Delegacia de Polícia com o carro desgovernado e morreu de hemorragia fatal. O caso ocorreu no sábado (6/7), em Samambaia.
A suspeita definiu a vítima como um homem “problemático”. De acordo com o depoimento dela, o motorista era cliente do bar que ela e o marido abriram na garagem de casa. Há cerca de um mês, ele chegava alterado e provocava as pessoas no local. O motorista teria ainda assediado a mulher, oferecendo dinheiro e bens para que ela largasse o marido para viver com ele.
Segundo o relato da mulher, no início desta semana, o homem teria brigado com um outro cliente ao dizer que “ia comer” a mulher dele. Com a confusão, o dono do bar expulsou o motorista do local.
Ainda de acordo com o relato da suspeita, o homem então passou a ir ao bar várias vezes por dia para fazer ameaças ao marido, que registrou uma ocorrência na quarta-feira (4/7), denunciando a intimidação.
“Matar toda a família”
Na manhã de sábado, o casal saiu de casa para levar o filho para cortar o cabelo e, quando voltou, descobriu que o motorista havia passado no local e dito que voltaria para “matar toda a família”, conforme consta em depoimento da suspeita.
O homem, então, teria voltado e gritado na frente da casa. Nesse momento, os filhos da suspeita estariam brincando no quintal. A mulher informou que pegou a faca de cozinha que usaria para cortar carne e se aproximou da janela do carro.
O motorista teria continuado as ameaças, e ela, então, desferiu dois golpes de faca na direção dele. A mulher informou que não atingiu o homem nesse primeiro momento, mas que, em seguida, ele deu ré para atingir a mulher, que conseguiu se esquivar.
Ela disse que foi novamente à janela do motorista ordenando que ele nunca mais retornasse ao local. Segundo o depoimento, o homem segurou a lâmina com a mão direita, e ela puxou a faca. Em seguida, a mulher voltou para casa e percebeu que havia sangue na faca. O homem sangrou até morrer.
A mulher contou que compareceu com o marido na delegacia para prestar uma nova queixa sobre o motorista, com medo de que, após o corte, ele voltasse ao local para matá-los. Na DP, ela descobriu que ele estava morto dentro do carro.
Segundo o depoimento, ela teria ficado assustada porque sabia apenas que o homem havia cortado a mão. A mulher deu outra declaração em um primeiro depoimento, mas mudou a versão e confirmou a briga após ser confrontada pelos agentes com as imagens.
Liberdade provisória
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) concedeu liberdade provisória à mulher. Ela passou por audiência de custódia na manhã deste domingo (7/7) e responderá ao processo em liberdade.
Segundo a juíza responsável pelo caso, o Ministério Público não solicitou a conversão em prisão preventiva, não podendo, dessa forma, a Justiça agir de ofício.
Além disso, conforme a magistrada, “a ré não possui registros criminais anteriores” e não apresenta “risco de reiteração delitiva, ou mesmo outro risco que sua soltura possa acarretar para a ordem pública”.