As investigações sobre a morte do policial militar aposentado Jacob Vieira da Silva, encontrado morto no fundo de uma cisterna em chácara na Cidade Ocidental (GO), Entorno do DF, levaram à descoberta de uma série de contratos suspeitos firmados pela prefeitura local.
Jacob havia vencido uma licitação para prestar serviços de transporte escolar no município. Junto à apuração do homicídio, a Polícia Civil do DF investiga todos os negócios sob responsabilidade do militar. Outros contratos suspeitos acabaram sendo alvo de denúncias feitas às autoridades e a órgãos de controle.
Cópias de cinco desses contratos foram entregues, acompanhados de fotos e vídeos envolvendo o pregoeiro público e secretário extraordinário da Cidade Ocidental, Gabriel Paixão de Jesus. No Portal da Transparência do município, o servidor comissionado tem salário líquido de R$ 5.820,03, mas costuma circular pelo DF a bordo de carrões superesportivos, como BMW e Porsche, além de ostentar viagens internacionais e a destinos paradisíacos, como Dubai e Fernando de Noronha, respectivamente.
Embora circule tanto no DF quanto no município goiano a bordo dos carrões, Gabriel não possui automóveis em seu nome. A Nissan Frontier azul que ele costuma usar está registrada em nome de uma loja de veículos localizada em Samambaia. O comissionado também figura como gestor de uma série de Atas de Registros de Preços (ARP) e como pregoeiro público em uma infinidade de outros contratos, alguns com valores milionários.
Cinco dos contratos firmados entre a prefeitura e a microempresa Farias & Veloso chama a atenção pelo alto valor, que contrasta com o custo dos serviços prestados. Em apenas um dos contratos, o governo local desembolsou R$ 1,4 milhão pelo aluguel de 14 Palios. Em outro contrato, a microempresa recebeu, durante a vigência de um ano e um aditivo, o valor de R$ 368 mil pela locação de dois furgões.
Ao todo, a microempresa fatura R$ 2,4 milhões com os cinco contratos. Para isso, a Farias & Veloso disponibiliza à prefeitura um total de 22 veículos. No entanto, existem apenas 11 carros vinculados ao seu CNPJ.
Mesmo com a receita milionária, a empresa figura na Receita Federal com um capital social de módicos R$ 90 mil. A equipe de reportagem não conseguiu localizar o pátio de veículos da empresa.
Sobre as suspeitas envolvendo os contratos firmados com a pequena locadora, a prefeitura afirmou que todos os contratos com a empresa em questão decorreram de procedimento licitatório realizado, segundo eles, rigorosamente de acordo com a lei de licitações, e que contém todas as informações pertinentes e exigidas pela legislação.