Não tem como analisar o empate em 2 a 2 entre Bangu e Vasco, no último domingo, em Brasília, sem levar em conta as decisões do árbitro Tarcizo Pinheiro Caetano. Principalmente por causa da expulsão de Jair, com 4 minutos de jogo, não é justo avaliar o desempenho do time e a estratégia de Ramón Díaz. Os testes do técnico foram por água abaixo.
Bem nos primeiros jogos da temporada (amistosos e confronto com o Madureira), Jair ensaiava vaga no time e ganhou chance. Havia curiosidade para ver o volante atuando ao lado de Payet, jogadores técnicos, mas com menos intensidade e pegada no meio. Não deu tempo para observar.
O Vasco, superior ao Bangu e jogando o tempo todo no ataque, demorou a se encontrar no jogo. A princípio, apostou nos cruzamentos e conseguiu, antes dos 25 minutos, cinco escanteios. Com um a menos, Ramón optou por mandar o primeiro volante Zé Gabriel a campo no lugar de David. Logo depois, precisou tirar Paulinho, machucado, e colocar Praxedes. O time atuou num 4-4-1, com Payet e Erick Marcus abertos pelos lados e Vegetti à frente.
Sem Payet por dentro, o Vasco teve dificuldades de construção e a dobradinha com Lucas Piton só funcionou no fim do primeiro tempo, quando o time começou a usar mais o lado esquerdo e explorar as virtudes do francês e do lateral-esquerdo, que sobressai nos cruzamentos.
Mas foi o árbitro o protagonista. Em lance muito mais duro do atacante Gabriel Canela, que chegou atrasado e pisou em Erick Marcus, Tarcizo aplicou apenas o cartão amarelo. Os critérios confusos irritaram os jogadores do Vasco, que caíram na pilha e deixaram de jogar. O intervalo fez bem ao time.
Sob a batuta de Payet…
… o Vasco começou o segundo tempo em outro ritmo. As substituições e mudanças táticas de Ramón Díaz mudaram o jogo. Saiu Erick Marcus e entrou Rayan para formar dupla de ataque com Vegetti. Puma Rodríguez ainda substituiu Rojas – o técnico trocou um lateral mais defensivo por um mais ofensivo. A alteração beneficiou Payet.
O Vasco passou a jogar num 4-3-2. Piton e Pumita ocuparam os corredores, e Payet e Praxedes passaram a jogar mais por dentro. No brilho do francês o time de Ramón abriu o placar aos 3 minutos. O camisa 10 arrancou pela intermediária, evitou a falta e achou Piton aberto na esquerda. O lateral cruzou rasteiro para a área, onde Praxedes chegava só para completar para o gol.
A partir daí foram 20 minutos de domínio total do Vasco, que poderia ter ampliado em cabeceio de João Victor, que parou no travessão – no rebote, Vegetti cabeceou para Gabriel Leite defender com os pés. O centroavante teve pelo menos umas quatro oportunidades na partida, mas não esteve em boa tarde.
O empate fugiu do controle de Ramón Díaz. Em momento raro, Léo Jardim falhou e aceitou chute de Gabriel Canela, que empatou aos 23 minutos. Foi a primeira boa chance do Bangu nos mais de 70 minutos em que atuou com superioridade numérica em Brasília. O Vasco perdeu a organização que mostrou no início da etapa final, e o jogo ficou lá e cá. O adversário acertou a trave em uma das chegadas e perdeu Felipe Soares, expulso após receber o segundo amarelo.
A importância de um jogador do nível de Payet é evidenciada em confrontos como este, em que o time já não encontrava mais alternativas para a vitória. O árbitro deu oito minutos de acréscimo e, aos 53, o francês desequilibrou novamente. Driblou dois e chutou para defesa de Gabriel Leite. No rebote, ficou com a bola, deixou Walney no chão e chutou no canto para fazer 2 a 1. Golaço.
Payet foi quem mais deu passes no Vasco: acertou 62 dos 84 que tentou – um deles iniciou a jogada do primeiro gol. Terminou o jogo com um gol, cinco finalizações e duas faltas recebidas.